LAURA LIMA: DECIFRA-ME OU TE DEVORO

Marta Mestre, Select, 9 Nov 2016

Raymond Roussel, escritor considerado por André Breton como “o maior magnetizador de todos os tempos”, foi um desses ilustres desconhecidos que influenciaram meio mundo de conhecidos, e que anteciparam as experiências de flutuação entre significado e significante realizadas na literatura, no cinema e nas artes visuais do século 20. Em grande parte de seus livros – Impressions d’Afrique (1910) e Locus Solus (1914), entre outros – Roussel desenvolveu pioneiros procedimentos de linguagem que viriam a ser usados especialmente pelos dadaístas e surrealistas. Por exemplo, o uso extensivo de palavras homônimas ou parecidas, como é o caso de “billard” (bilhar) e “pillard” (saqueador), permitiu-lhe construir frases e textos arbitrários na forma e no conteúdo, elevando, assim, a potência patológica da linguagem.

 

Os jogos de palavras, praticados incessantemente ao longo de toda a sua vida, levaram-no a descobrir espaços insuspeitos na escrita e a atestar a existência de uma segunda realidade – não como repetição da primeira, mas como alternativa hilariante –, até cometer suicídio por excesso de barbitúricos em um hotel de Palermo, na Itália, aos 55 anos.

 

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