SEM TÍTULO [INSTALAÇÃO]

  • Maxwell Alexandre apresenta uma instalação de dois ambientes simétricos e contrastantes – composta por vários espelhos Romeo e uma piscina Capri –, onde o público, descalço, é convidado a adentrar a mitologia que o artista vem construindo a partir de símbolos da cultura popular. Uma obra com tom mítico e de condição essencial em relação a aquilo que constrói e dissolve o lugar de onde ele vem.

  • Nasci e cresci na favela da Rocinha, onde existem vários elementos nostálgicos e comuns que passaram a compor o glossário de meu trabalho. Dentre eles, as famosas piscinas Capri presentes nas lajes e quintais, o tijolo estrutural e aparente nas edificações das casas, e os espelhos Romeo com borda laranja, muito encontrados na intimidade dos moradores.

     

    Minha proposta consiste em uma instalação quase simétrica de dois ambientes contrastantes, onde o público só poderá adentrar descalço. O trabalho refere-se a uma mitologia própria que venho construindo a partir de símbolos da cultura local, que pode sugerir de forma mítica a condição essencial daquilo que constrói e dissolve o lugar de onde venho.

  • 48 espelhos de parede, 180 x 60 cm chão parte I, uma lona plástica, 580 cm x 650 cm chão... 48 espelhos de parede, 180 x 60 cm chão parte I, uma lona plástica, 580 cm x 650 cm chão...

    48 espelhos de parede, 180 x 60 cm

    chão parte I, uma lona plástica, 580 cm x 650 cm

    chão parte II, tijolo sobre tela, 580 cm x 650 cm

    Uma piscina plástica Capri de 300 litros, 306 x 205 x 48 cm

     

     

     

    tijolo sobre tela, 2017

  • abaixo deixo algumas referências de outros trabalhos que dialogam com a proposta:

  • Maxwell Alexandre (Rio de Janeiro, 1990)

  • Artista brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua poética consiste na construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de suas experiências cotidianas na cidade e na Rocinha, favela que destaca-se por ser a maior e mais populosa do país, com cerca de 70 mil habitantes, localizada na zona sul na cidade Rio de Janeiro. Maxwell Alexandre explora imagens que vão além de uma mera interpretação do real. Não apenas sobre tela, mas em papel, sobre lonas de piscina, portas de madeira e esquadrias de alumínio, materiais que reutiliza como alicerce para sua construção estética, o artista pinta cenas e ações diárias da favela, corpos pretos em momentos de confrontos e situações de empoderamento. Na transposição para o campo pictórico, seus trabalhos figuram conflitos da comunidade com a polícia, a dizimação e encarceramento da população negra, a falência do sistema público de educação e outras circunstâncias de sua vida e de seu local de nascimento, a Rocinha. Entre monumentos da cidade, arquiteturas e paisagens, as circunstâncias da obra de Maxwell se ressignificam através de símbolos de poder como super-heróis, videogames, brasões militares, logos e bandeiras da cidade e marcas globais de desejos pueris, como Danone e Toddynho. Imagens potentes que se transformam com a capacidade criativa do artista em se comunicar com o espectador de forma urgente, séria e ao mesmo tempo jocosa, como a série “Pardo é Papel”, constituída de obras em formato monumental. Nesta série, que se configura como um conjunto de pinturas expandidas para o campo político, Maxwell aborda a ancestralidade africana e o empoderamento da sociedade brasileira contemporânea proveniente das favelas. As cores e elementos presentes nos desenhos intensificam o contraste entre os corpos pretos em posições de poder e o papel, que dá nome a uma cor antes usada para velar a negritude. “Pardo”, era o termo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidade de negros, porém, nos dias de hoje, com o crescimento dos debates, a tomada de consciência sobre o racismo, as reivindicações e as grandes mudanças ocorridas no glossário político dos últimos 10 anos, os negros passaram a projetar suas vozes, a se entender e se orgulhar do que se é, entendendo que o termo foi usado em prol de um embranquecimento da raça. Além de seus estudos de arte e de sua temporada como patinador profissional, entre os 14 e 26 anos, Maxwell, juntou-se a um grupo de artistas e designers e criaram sua própria igreja não-denominacional, A Igreja do Reino da Arte ou A Noiva - que tem como fé e caminho o processo artístico para acessar o divino. Qualquer produção do artista dentro desta religião pode ser entendida como oração, assim como qualquer espaço, onde esse fazer opera, pode ser entendido como templo: ateliês, casas e rua. Artistas são apóstolos, profetas, santos e pastores. Para exercício dessa fé na arte, realizam cultos, rituais e cerimônias que vão de Batismos, Peregrinações, Oferendas até Santa Ceia e o Pecadão - as famosas festas.

     

    Graduado em Design na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), em 2016. Nos anos de 2006 e 2009, participou do Curso de Fotografia para registro de obras do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) nas favelas do Rio de Janeiro. Em 2020, participou da residência artística em Marrocos a convite do MACAAL - Museu de Arte Contemporânea Africana, em Marrakech, que resultou em uma grande instalação na instituição para a exposição coletiva “Have You Seen A Horizon Lately?”.No segundo semestre, está agendado a realização de sua próxima residência no SAM Art Projects, que resultará em sua individual no Palais de Tokyo, em Paris. Ainda este ano, realizará sua individual na David Zwirner London Gallery, na Inglaterra. Em 2019, itinerou com sua individual “Pardo é Papel”, realizando-a no MAR - Museu de Arte do Rio e também no MAC Lyon - Musée d’Art Contemporain de Lyon, França, sua primeira individual internacional. Ainda no mesmo ano, recebeu o Prêmio São Sebastião de Cultura 2018, da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro, na categoria Artes Plásticas. Em 2018 participou da residência artística na Delfina Foundation, Londres, e das exposições coletivas “Recortes da Arte Brasileira” na Art Berlin Fair, Berlim, “Crônicas urgentes” na galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, e “Histórias Afro-Atlânticas” no MASP - Museu de Arte de São Paulo. Em 2018 realizou sua primeira exposição individual em galeria, "O Batismo de Maxwell Alexandre" e participou da coletiva "Abre Alas 14", ambas na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro. Em 2017 integrou a exposição coletiva “Carpintaria para todos” na Carpintaria, braço carioca da galeria paulista Fortes D’Aloia & Gabriel e realizou a individual “Laje só existe com gente” na Rocinha Surfe Escola, Complexo Esportivo da Rocinha, Rio de Janeiro, mostra que expôs pela primeira vez que a série “Pardo é Papel.

     

    Sua obra integra o acervo de importantes coleções como Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Musée d’Art Contemporain de Lyon, França e Perez Art Museum Miami, Estados Unidos.