Colar das Horas

  • Rodrigo Torres apresenta um objeto escultórico em cerâmica onde a manufatura de tais peças se assemelha ao ato de apertar um cigarro de maconha – forma simulada pelo artista na montagem de seu Colar das Horas – onde a argila é de fato enrolada em papel seda para adquirir textura. Uma espécie de cordão meditativo ativado pela tanto pela passagem do tempo quanto pela queima em altas temperaturas, completando assim a proposta ritualística de Torres em seu fazer manual.

  • A minha proposta consiste na apresentação de um enorme colar formado por dezenas de simulacros de cigarros de maconha. Esses cigarros são na verdade feitos em cerâmica pintada com tinta acrílica.

     

    Esse é um trabalho que pode se estender indefinidamente e dessa forma ocupar diferentes áreas de maneira versátil, portanto a formatação final está aberta para se adequar ao espaço expositivo. Entretanto, a minha proposta a princípio visa a apresentação dessa obra no formato de um grande círculo suspenso no ar por fios de nylon.

  • A manufatura dessas peças é muito semelhante à do cigarro real, porque a argila é de fato enrolada em papel seda para adquirir sua textura, além disso, a queima também se faz presente quando a argila vai ao forno e fica incandescente, ou seja, a proposta do ritual também se reflete no fazer da obra. 

     

    Esse colar se refere diretamente aos colares religiosos, como o budista por exemplo, que auxilia na contagem dos mantras, ou o terço católico para contar as orações. No caso do Colar das Horas a proposta também é meditativa, porém a contagem se refere à passagem do tempo em si, em estado contemplativo.

  • abaixo deixo algumas referências de outros trabalhos que dialogam com a proposta:

  • Rodrigo Torres (Rio de Janeiro, 1981)

  • Artista visual brasileiro, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Os trabalhos produzidos por Rodrigo Torres são em sua maioria esculturas em cerâmica, objetos tridimensionais que se mesclam com fotografias e pinturas, que se unem em uma simbiose que consiste na elaboração de uma linguagem visual disruptiva. Impregnados de estratégias de deslocamentos óticos e transformações ilusórias por caminhos poéticos, as formas e texturas se entrecruzam e a natureza do material traz o olhar do espectador a viajar por entre suas especificidades. Desafiando o caráter decorativo versus o museológico, as cerâmicas instauram dúvidas e polaridades através da técnica hiper detalhista. Vasos, jarras, frutas, legumes, pequenos objetos, embalagens de proteção, dentre outros adereços e balangandãs do cotidiano, tornam-se objetos ornamentados que mesclam presença ou ausência de figuras e fundos alternando densidades, volumes e cores. Todos esses materiais embaralhados voltam a se encontrar em um espaço de mimetismo. O artista envolve horizontes e geometrias em esculturas que desafiam o espectador em dicotomias de realidade e ficção, entre as quais tudo ganha formas e vida. Em suas obras, Rodrigo exercita o natural e o imaginado com equilíbrio e os trabalhos ganham tons tautológicos e enigmáticos.

    [Know more: https://www.maisumrodrigotorres.com/]

     

    Em 2019, participou da coletiva “Brasil! +Foco na Arte Contemporânea Brasileira”, no Museo Ettore Fico, em Turim, Itália e participou da coletiva “A Luta Continua” na The Sylvio Perlstein Collection - Hauser & Wirth, Nova York. No ano de 2017 abriu a individual “Víveres” na galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro e participou das coletivas “Songs for my Hands” na Bienal Internacional de Curitiba que aconteceu no Museu Oscar Niemeyer, “Window Project” no Spazio 22, Milão, “Art of the Treasure Hunt: the Grand Tour” Toscana, “Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos” na OCA do Ibirapuera, São Paulo e “A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela”, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro. Em 2016 abriu o solo “Apreensões” na Casa França-Brasil, Rio de Janeiro e participou da coletiva “Mapas, Cartas, Guias e Portulanos” na Sala de Arte Santander, São Paulo, Brasil.

     

    Suas obras integram as coleções do MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; Itaú Cultural de Fotografia, São Paulo; Coleção José Olympio, São Paulo; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba e Kadist Art Foundation, França.